Cientistas desvendam mistério sobre como funciona gene da obesidade
Gene ligado à obesidade já era conhecido por pesquisadores desde 2007.
Mutação faz comida ser armazenada como gordura e não ser queimada.
Cientistas finalmente descobriram como o gene ligado à obesidade faz as pessoas ficarem gordas, uma grande descoberta que pode abrir as portas para uma nova abordagem do problema, que vai além de dietas e exercícios.
O estudo desvenda um grande mistério: desde 2007, pesquisadores já sabiam que um gene chamado FTO estava relacionado à obesidade, mas não sabiam como, e não conseguiam ligá-lo ao apetite ou a outros fatores conhecidos.
Agora, experimentos revelam que uma versão defeituosa do gene faz com que a energia dos alimentos ingeridos seja armazenada como gordura, em vez de ser queimada. Um procedimento de manipulação genética em camundongos ou em células humanas no laboratório sugerem que isso pode ser revertido, oferecendo esperança de que uma droga ou outro tratamento possa ser desenvolvido para fazer o mesmo em pacientes.
O trabalho, conduzido por cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e da Universidade Harvard, foi publicado nesta quarta-feira (19) pelo site da revista “New England Journal of Medicine”.
A descoberta contesta a noção de que “quando as pessoas ficam obesas, foi basicamente sua própria escolha porque elas escolheram comer muito ou não se exercitar”, disse a líder do estudo Melina Claussnitzer, especialista em genética do Centro Médico Israel Deaconess, afiliado a Harvard. “Pela primeira vez, a genética revelou um mecanismo na obesidade de que nunca havíamos suspeitado antes” e dá uma terceira explicação ou fator envolvido.
Pesquisadores que não estão relacionados com a pesquisa também reconheceram sua importância. “Muitas pessoas pensam que a epidemia de obesidade só está relacionada a comer muito, mas nossas células de gordura têm um papel em como nossa comida é utilizada”, diz o médico Clifford Rosen, cientista do Instituto de Pesquisa do Centro Médico de Maine.
Segundo ele, a pesquisa abre a possibilidade do desenvolvimento de drogas que possam fazer nossas células de gordura trabalharem de forma diferente.